sexta-feira, 23 de outubro de 2015

9 meses e uma grande lição

Muitas pessoas inclusive meus pais, marido e familiares já me falaram que eu sou sortuda, nasci com a bunda pra lua, que tudo que eu quero acontece. Confesso que em algumas coisas me considero sortuda sim. Mas  a verdade é que eu tenho um péssimo hábito. Eu desisto fácil. Se alguma coisa parece que não vai dar certo, rapidamente eu descarto e procuro outra coisa para fazer. Horrível, eu sei. Talvez por isso algumas pessoas achem que as coisas simplesmente acontecem pra mim. Se eu vejo que pode dar certo, eu corro atrás e dou tudo de mim e aí é claro que dá certo.

A Bella completa 9 meses hoje. Sou abençoada por ter um emprego que me permite trabalhar de casa, então passo o dia todo com ela. ADORO observar ela brincar e se desenvolver. Aliás, desenvolvimento infantil sempre foi uma paixão. Quando fiz intercâmbio uma das matérias que escolhi e foi uma das preferidas (com um A no final do ano) foi Child Development. E tenho observado cada coisa que ela aprende, cada minuto do crescimento dela. E aprendi uma grande lição.

Ela NUNCA desiste. Tudo que ela (e todos os seres humanos) aprendem é depois de muito esforço, dedicação e, mais importante, frustração.  Foi assim quando ela estava aprendendo a se sustentar sentada, a pegar objetos, e todas as outras coisas. Mas acho que se tornou ainda mais evidente há pouco tempo, quando ela estava aprendendo a engatinhar e agora que quer ficar em pé o tempo todo. 

O quartinho dela é baseado no método desenvolvido por Maria Montessori. Há pouco tempo (quando achei que era importante, pois o quartinho montessoriano está sempre mudando e se adaptando `as novas fases da criança) instalamos (o vovô Ricardo instalou) uma barra e um espelho no quarto dela. Desde o início ela adora se olhar no espelho, faz caras e sons e sorri, mas ela não conseguia levantar sozinha, então eu a colocava lá, para gerar interesse. Depois de alguns dias fazendo isso, parei. Ela já conhecia, tinha o ambiente e usaria a barra quando estivesse pronta. Não demorou muito e a danadinha já estava lá. Se ajoelhava e segurava na barra, mas não conseguia ficar de pé. Muitas vezes tentava várias vezes e caía. As vezes acompanhando a queda, vinha um chorinho. Eu consolava ela e passado alguns minutos lá estava ela de novo. Sem desistir. 

Em poucos dias ela conseguiu se suspender pela primeira vez. Ela deu gargalhadas e quando foi bater palminhas caiu. Tentou mais algumas vezes e não conseguiu. Eu só observei e fiquei pensando na frustração dela. Mas eu sabia que era uma coisa que ela tinha que aprender sozinha, estive lá para consolar e dar colo quando ela chorava, mas não interferi. No dia seguinte ela conseguiu de novo. E de novo. Caiu algumas vezes. Em poucos dias ela passou a conseguir levantar sempre que queria. E ela adora! Dá pra ver que é uma conquista. Mas ela não para por aí. Agora quer da passinhos se segurando, ou soltar a barra e se equilibrar nos pezinhos. E ela cai. hahaha. 

Comecei a refletir sobre isso. Todos nós nos desenvolvemos assim. Em que momento da vida passamos a ter medo de frustrações? 

Preciso ser mais como a Bella e me dedicar mais. Não desistir na primeira semana de academia, só porque faltei um dia, ou de ser saudável porque comi um chocolate, ou de cozinhar porque queimei um arroz, ou de qualquer outra coisa que tenha vontade. A vida é aprendizado e é frustração. É dedicação e trabalho duro. Nada vem de graça, pra ninguém.

Espero conseguir colocar isso em prática e me desafiar mais e mais. Porque a vida é pra gente se superar e ser o melhor que podemos ser e aprender a lidar com as frustrações, porque elas existem desde que nascemos.

E olha que ela só tem 9 meses. Imagina daqui alguns anos...

O dia que a barra foi instalada



Essa não foi a primeira vez que ela subiu, mas foi a primeira vez que filmei!

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Toda mãe é mãe

Sigo muitas muitas muitas páginas sobre maternidade. No facebook, instagram, youtube, etc... é um assunto que amo muito. Amo ler e assistir relatos de parto, gravidez, experiências, dicas, tudo sobre desenvolvimento infantil.

Não sei se por isso, mas tenho notado, com bastante frequência, muitos ataques e disputas entre as mulheres. Não entendo por que. É uma disputa de "mais mãe", "menos mãe", tão desnecessária. E daí que eu quis parto normal? Por que isso tem que ofender quem fez cesárea? Ou se a outra precisou dar fórmula? Isso atrapalha quem consegue amamentar? Qual o problema de uma mulher trabalhar fora? Isso me impede de trabalhar em casa? Falta respeito, consideração, apoio e acima de tudo, falta amor.

Acredito que nós mulheres temos que nos apoiar, mesmo quando temos opiniões ou fazemos escolhas diferentes. Podemos SIM compartilhar experiências e informações e isso não significa que estamos julgando ou condenando quem faz diferente. Aprendi muito pelas experiências compartilhadas, mas isso não quer dizer que sigo todas elas.

Pensando nisso tudo, decidi criar uma série no nosso canal do Youtube chamado "Toda mãe é mãe". Vou fazer vídeos entrevistando mulheres com experiências diferentes para mostrar que não importa as suas escolhas, TODA mãe é mãe. Toda mãe ama, se doa, sacrifica e muda pelo filho. Que nós possamos nos cobrar menos e julgar menos as pessoas que fazem diferente de nós!

O primeiro vídeo foi ao ar semana passada e você pode assistir aqui em baixo. Rapidamente recebi muitos comentários e mensagens tocantes falando de como se identificaram, inspiraram e foram ajudadas pelas experiências que minha mãe compartilhou.

Foi uma delícia gravar o vídeo, estar com minha mãe e ouvir tantas coisas que ela passou. As dificuldades e as alegrias.

Espero que essa série ajude e inspire muitas mulheres. Espero que ela espalhe o amor e companheirismo entre nós. Afinal, #todamãeémãe <3



PS: Se você tem alguma experiência marcante e quer participar da série (ou conhece alguém que queira) , entre em contato comigo pelo email (thiagoecamillaalves@gmail.com), porque vou amar conversar com o maior número de mães possível!

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Paradoxo

Eles acabaram de ir embora. Já me sinto seca de tanto chorar e fico com raiva porque chorar dá dor de cabeça, então agora estou com a cabeça latejando.

Sentei no chão do meu closet, com a porta fechada enquanto o Thiago ficava com a Bella e pensei no quanto dói me despedir. É uma dor muito particular, que só quem já passou por isso entende. O Thiago abriu a porta, me chamou pra ficar com ele e disse que quer me fazer feliz. "Você me faz feliz", respondi. Sim, sou uma pessoa muito feliz e amo nossa vida. Mas isso não quer dizer que me sinta completa.

É o preço que se paga. É alto, quase alto demais. Mas a vida é feita de escolhas, não é? Algumas mais difíceis que outras. Continuava chorando e o Thiago falou "Parece que você está sofrendo mais agora do que quando nos mudamos". E estou mesmo. Não sei dizer exatamente o por quê. Talvez porque me sinto ainda mais dividida. Queria a qualidade de vida que temos aqui, com as pessoas que amamos perto de nós. Queria poder participar dos churrascos em família e aniversários e ainda ter a segurança que temos aqui. Queria sair para fazer compras com a mamãe e ainda não ficar revoltada com os preços. Queria poder passear e não pegar trânsito. Queria muitas coisas...

O coração dói. Já me sinto apatriada. Não importa onde eu esteja, nunca vou estar completa.

Os dias que eles passaram aqui foram tão bons... Cheios de vida, de sorrisos, de alegria. Tão bom vê-los participando da vida da Bella Belloca, conhecendo os lugares que amamos frequentar e a nossa rotina tranquila aqui... Partilhar nossa alegria com eles... Foram dias que vão deixar uma memória doce, impossível de esquecer.

Não sei como nossa vida vai ser, como vamos lidar com isso, até quando isso vai durar. Sei que estamos aqui com um propósito. O Thiago ama o que faz, tem se saído muito bem e somos muito felizes, sim. Sei que tudo acontece por um motivo.

É muita alegria e muita tristeza.

ps: Obrigada, mamãe e papai! Nós amamos receber vocês, voltem logo, por favor.